Num raro evento que juntou gentes do meu círculo profissional e do meu círculo dançante, fui desenhar morcegos e mastros tradicionais no dia da ecologia:
Despois tive que me ir embora e não pude estar na dança propriamente dita... mas foi giro enquanto durou!
Em tempos desconfinamento gradual pós-pandemia, os encontros no Largo Chão das Covas visam a vestir as árvores, não vão elas constipar-se e parecer que também já têm COVID. Eu não fui tricotar mas fui desenhar:
A vida no interior é dura, o Verão é um calor que não se pode. Mas de molho está-se bem! Portanto fomos passar o fim-de-semana à praia fluvial do Alamal, com a sua bonita vista sobre o castelo de Belver. Começámos por dar uma volta no passadiço:
Depois fomo-nos esparramar na praia, de onde tentei mais uma vez reproduzir a belvista, desta vez pintada com lápis de cor. Mas depois decidi aguarelar e piorou:
De modo que decidi deixar-me de vistas e entreter-me a desenhar pessoas, agora com os lápis sem aguarelar:
Nisto, aparece um grupo e põe-se e dar um concerto em plena praia, fim-de-tarde adentro!
No dia seguinte ainda fomos fazer visita cultural pelas redondezas:
Mas o calor era tal que já nem energia havia para pintar. De maneiras que decidimos ir enfiar-nos de molho noutra praia, já no caminho de regresso:
A Lira costuma vir estagiar cá para casa quando está no cio, para não arranjar enredos com o cão lá de casa dela. Como é, digamos, um bocado volumosa e custosa de convencer a caminhar, nós aproveitamos estes estágios para a passear todas as vezes que podemos (e que ela se deixa arrancar dos braços de Morfeu):
[tenho que aproveitar para desenhar cães quando eles são assim dorminhocos, que é a única maneira de ficarem quietos o tempo suficiente]
Ora inspirada nestes eventos, mais na recente interpretação magistral do Cio da Terra pelas Vozes do Imaginário, aqui capturada num excerto do vídeo da nossa repórter ocasional / fã à força Vera Pessoa:
…resolvi fazer uma letra alternativa para esta bonita canção:
Cio da Lira
Passear a Lira Recolher cada cocó da Lira Forjar na Lira o milagre do cão E se fartar de cão
Afagar a Lira Conhecer os desejos da Lira Cio da Lira a propícia estação De passear o cãããão
Espero que o Chico Buarque e o Milton Nascimento não se chateiem… Mas o que realmente temo é distrair-me e começar a cantar esta versão no próximo concerto das Vozes do Imaginário!
Recebi um inesperado convite para participar como “sketcher em trânsito” num seminário internacional sobre mobilidade, representando a interface entre o desenho e a investigação científica. Bem lhes disse que não percebia nada daquilo, mas acabei por me deixar convencer… e não me arrependi!
Lá andei a desenhar mobilidades e obstáculos ao redor do encontro, e acabámos por perceber como o desenho de observação pode ser uma ferramenta valiosa em ciências sociais, porque permite o registo visual sem infringir direitos de imagem – pelo menos nos meus desenhos, onde ninguém fica reconhecível! Nem os carros!
Por exemplo, esta senhora das malas grandes também foi capturada em vídeo por outros participantes; só que, enquanto o desenho se pode publicar sem problemas, para publicar o vídeo teriam que encontrar a senhora (que ia com pressa) e obter a sua autorização, mais a das restantes pessoas apanhadas; ou então difuminar as caras e ficavam a parecer todos uns fantasmas. Os sketches dão-nos liberdade, artística e não só!
Quem havia de dizer que eu um dia ia encontrar uma utilidade para isto... Ainda acabo a trabalhar como sketcher para os sociólogos!
…porque reuniu, num só evento, três das minhas coisas favoritas de todos os tempos: desenhos, memórias tradicionais, e bonecos de Santo Aleixo! Como, para grande desespero meu, não sabia se ia lá estar no próprio dia, comecei logo a desenhar bonecos (os originais!) na reunião preparatória:
NOTA: as cores originais podem ter mudado inadvertidamente (parece que a cobra afinal era preta)
Felizmente, no dia do encontro pude continuar a desenhar! Comecei por retratar o nosso anfitrião a dar-nos as boas-vindas e a enquadrar o evento:
[para quem não o reconhece neste desenho, é porque o fiz parecer mais novo]
Depois ainda fui lá acima tentar desenhar a “sala das máquinas”, mas entre o grau de enredadura das cordas e a alergia aos ácaros que lá andavam, fiz um desenho à pressa que nem se percebe bem o que é:
Depois, passei o resto do dia a desenhar personagens avulsos:
[era para desenhar o boneco inteiro, mas calculei mal e não me couberam as pernas]
[aqui tentei calcular melhor mas fui muito ambiciosa, eram dois bonecos num, e quem ficou sem pernas foi o cavalo]
[finalmente um boneco que coube inteiro, até ainda fui pintar a sombra e tudo -- depois arrependi-me mas já era tarde]
[esta também tive que perguntar quem era, eu com roupa não a conheci]
[este era um dos mais avançados tecnologicamente, fiquei meia hora a fazê-lo falar com as barbas a abanar]
[...e foi assim que descobri que Deus não tem braços]
Enfim, eram tantos que eu nem sabia para onde me virar, ainda ficaram a faltar muitos… por mim, ficava lá uma semana! Para o ano quero lá o encontro outra vez.
Fui a Salamanca a um congresso de anfíbios e répteis, mas quase só consegui desenhar enquanto estava a comer outras espécies:
Entretanto, sempre consegui sentar-me também diante da emblemática Casa das Conchas, enquanto esperava por uma procissão que ia passar (havia festa):
Depois, na saída de campo a La Alberca, ainda desenhei também um par de casas da Plaza Mayor — com muita aldrabice, e nem o nome da praça tenho a certeza de que esteja certo...
[Se houvesse um passatempo de descobrir as diferenças entre este desenho e as casas originais, era uma tarde inteira só a listá-las]
...mas logo depois pimba, mais comida. É mais seguro: como entretanto já a comi, ninguém pode lá ir comprovar se o desenho está fiel ou não!
[Os mexilhões parecem batatas com casca, acho que é o meu record de desenho de comida que mais engana. Não tenho culpa se os espanhóis cozinham assim!]
Já foi há tempos, mas houve um simpósio mundial de urban sketchers no meu querido e saudoso Porto a que eu não podia faltar! Meti mini-férias e rumei por aí acima para desenhar as ruas, praças e iguarias com que me deliciei durante 5 anos de residência na cidade dos tripeiros. Na Ribeira e até mesmo na Sé, agora pode-se passear sossegadamente sem levar uma única facada! Como mudam os tempos....
o gato ficou a levitar e quase do tamanho do guarda-sol... não sou eu que não sei desenhar, os gatos do Porto é que são assim!
os Clérigos em equilíbrio periclitante por trás do bairro da Sé... o pano do FCP é só para ser fiel no retrato, eu sou do Braga!!!
nunca tinha ouvido isto tocado num banjo americano!
A experiência gastronómica revivalista também não desiludiu! Não desenhei a francesinha porque fui desconcentrada pelos eléctricos a percorrer o passeio, mas desenhei as tripas (agora em estrangeiro!) e o pastel de Chaves! Mmmmmmm!...
desenha-se pior quando se está cheio de fome
o arroz ficou azul... o original era branquinho, aqui é que ficou mais portista
no Guedes já não se pode comer nada sem filas de uma hora (rais parta o Markl!), mas aqui pude reviver os meus almoços baratos de outrora
No fim, desenhei uma pequenina parte da enorme multidão que também por lá andou a desenhar a naçom! Bibó Puorto, carago!